Maria de Fátima Palha de Figueiredo sempre gostou de cantar. Dona de
uma das mais expressivas vendagens de discos no mercado nacional,
presença constante nas paradas de sucesso e à frente de atribulada
agenda de shows, nos últimos anos Fafá de Belém conquistou duramente o
posto de estrela da nossa canção popular. Das feiras de agropecuária no
interior do país e shows em praça pública até temporadas no eixo Rio –
São Paulo, incluindo o Cassino Estoril, em Portugal, ela é sempre
vitoriosa.
Em 1976, Fafá lançou o primeiro LP, Tamba Tajá. Seu canto seduziu até
o demolidor crítico de música brasileira do Jornal do Brasil, o temido
José Ramos Tinhorão, que se derramou em elogios à jovem artista,
apontando-a como ?uma cantora destinada a figurar no primeiro time da
atual geração de grandes intérpretes brasileiros.? O álbum seguinte,
“Água” (1977) confirmava todas as previsões: atingiu cerca de 95 mil
cópias vendidas.
Embora jamais tenha pensado em ser cantora profissional, desde os 9
anos de idade, Fafá de Belém, era uma atração nas festas promovidas pela
família ou nas casas de amigos. Apesar de menina, interpretava como
gente grande “Ouça”, sucesso de Maysa, ou “Eu e a Brisa”, de Johnny
Half. Era uma garota que, como os da sua geração, amava os Beatles, era
fã de Roberto Carlos e da turma da Jovem Guarda, mas também fascinada
por jazz, música clássica, e que se emocionava ouvindo os grandes
cantores de rádio, como Cauby Peixoto, Angela Maria, Núbia Lafayette e
Orlando Silva, “Gente de punhal no peito”, que ela gosta de tomar como
modelos para interpretar.
?Hoje me vejo como uma cantora dos grandes amores, das perdas e dos
reencontros. Se a música não me arrepiar, não gravo. Se não for
personagem da letra, não consigo interpretar. Sou um dramalhão, uma
passional? – costuma afirmar, entre gostosas risadas, porém do fundo do
coração, a grande interpréte de ?Nuvem de Lágrimas?, primeira canção
sertaneja a tocar nas FMs do Rio.
O amplo leque de sua formação musical está refletido na seleção de
seu repertório. Ela gravou de tudo, sem preconceito. Música regional,
pérolas do cancioneiro popular, como “Que Queres Tu De Mim”, de Evaldo
Gouveia e Jair Amorim, ou “Você Vai Gostar” (Casinha Branca) de Elpídio
dos Santos. Rock, boleros, ritmos caribenhos, guarânias, afoxé,
lambadas, sambas-canções, composições dos grandes nomes da MPB,
Marcha-rancho, sertanejo, e muitos outros ritmos. Sem falar da polêmica
apresentação que a musa das diretas deu ao Hino Nacional, contestada
pela justiça e ovacionada pela platéia, cada vez mais numerosa de seus
shows.
Foi a partir da decisão de virar a mesa e deixar o coração falar mais
alto que Fafá tocou fundo a alma brasileira. Com a determinação que a
caracteriza, os anos de estrada, uma forte intuição e o sucesso absoluto
de canções escolhidas a dedo pela própria cantora em determinados
momentos de sua vida, como “Bilhete”, de Ivan Lins e Victor Martins, que
a fez romper o silêncio de um ano em 1982. Ou “Memórias”, de Leonardo,
popular compositor pernambucano, responsável pela venda de meio milhão
de cópias (Disco de Platina) do álbum “Atrevida”, Fafá atingia, então, o
auge de sua carreira, sobretudo como cantora romântica.
Uma trajetória assombrosa, mas nada que surpreenda quem bem a conhece
e às suas aparentes contradições. Não foi à toa que interpretava, com
tamanha emoção e propriedade os versos de um dos maiores sucessos de sua
carreira, “Dentro De Mim Mora Um Anjo”, de Suely Costa e Cacaso: “Quem
me vê assim cantando, não sabe nada de mim…”. Está aí uma das maiores
verdades sobre Fafá de Belém, que sabe exatamente o que quer e do que é
capaz.
“Sempre transei minhas coisas, vivi minha vida, batalhei demais e dei
muito murro em ponta de faca para chegar aonde estou. É o povo que
ensina ao artista o que ele tem de cantar e não o artista que deve
ensinar ao povo o que ele tem de ouvir” – repete, com freqüência, a
artista popular que Fafá de Belém se tornou.
Fafá virou marca nacional. Marca nacional de alegria, com aquela
gargalhada sinceramente estrondosa que é capaz de levantar os ânimos de
qualquer um. Marca nacional de saúde, a bela mulher brasileira que
batizou até as lanternas do antigo Fusquinha, outra paixão popular.
Marca nacional de liberdade, símbolo de um movimento político que fez
milhões de brasileiros se emocionarem com sua interpretação do hino
pátrio.
Esta é Fafá de Belém. Ou melhor: Fafá do Mundo
Site Oficial: www.fafadebelem.com.br
Fafá de Belém
Universo em Canção on domingo, 30 de agosto de 2015 | 13:31
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